domingo, 11 de maio de 2014

A Luz de Velas

Eu estava sozinho em casa, era sexta-feria e todos haviam saído, combinei de me encontrar com eles depois que me arrumasse, estava no banho e como sempre, ouvindo músicas no celular e pensando sobre a vida. Tinha um pouco de pressa por que queria encontrar meus amigos logo, aquela vontade de estar presente no meio das pessoas que eu mais gosto, me apressava no banho e por isso acabei derrubando o sabonete no chão. Quando com ansiedade, fui pegar o maldito que havia caído, senti meu pé esquerdo deslizar e a sensação fria da queda foi rápida como um tiro, nem senti dor, quando acordei não havia luz, pensei que eu era azarado o bastante para cair bem na hora de uma queda de luz, mas havia algo mais estranho do que isso, a música que eu ouvia se transformou em um som de piano, que se intercalava com umas batidas que davam eco, um som abstrato e sinistro. Algo tinha acontecido, levantei com a cabeça doendo, me sequei rápido e vesti a roupa suja que tinha deixado ali mesmo para pegar uma vela ou qualquer fonte de luz, abri a porta do banheiro e um vento gelado pareceu me cortar a pele, eu tinha deixado as janelas fechadas, não podia haver vento ali.
Comecei a sentir medo, lembrei dos filmes de terror que já tinha visto, que pareciam começar assim e fiquei com arrepios só de pensar que poderia estar vivendo um. Vou em direção da cozinha onde guardo as velas, logo na última gaveta, vou apalpando os móveis igual um cego, pronto, agora eu tenho luz por algum tempo, vou ir para o quarto e esperar a luz voltar, foi o que eu pensei.
Eu estava perto de chegar no corredor e aquela música sinistra não cessava, aquele piano roco fazia eu sentir muito medo, e do nada batidas que pareciam ser de alguma coisa de ferro, que música era aquela ?
Chego no quarto, fecho a porta e vou até a janela ver se os vizinhos também tinham ficado sem luz, mas incrível, estava tudo ligado em suas casas. Vamos lá, até o porão ver se a chave da luz caiu por algum motivo, ir em um porão escuro a luz de velas nunca esteve nos meus planos, abro a porta de madeira, barulhenta e antiga e vou caminho no meio da escuridão, dezenas poderiam estar em minha volta, não via quase nada na minha frente, velas não ajudam em nada.
 Quase chegando na chave de luz, objetivo quase cumprido e eu me sentindo corajoso até ouvir uma risada de criança atrás de mim, o susto foi tanto que era como se mil facas me espetassem na mesma hora. Eu fechei os olhos e deixei cair aquela vela, minha única luz se apagou, sem saber o que fazer eu perguntei:
- Quem está aí ?
A coisa que parecia ser uma criança disse sorrindo:
- Acenda sua vela, descubra !
Por sorte eu havia colocado os fósforos no bolso traseiro da calça, caso precisasse, mas o medo não queria me deixar ver aquele rosto, por que ela estaria ali, sem luz na casa, com aquela música ?
Enquanto eu tremia como nunca havia feito, eu ouvia a respiração da suposta menina, aquilo me matava. Peguei a vela do chão e um fósforo, no primeiro movimento quebrei o palito, a escuridão e a tremedeira me tiraram toda a precisão, peguei o segundo e esse acendeu, eu vi o rosto daquilo se formar diante da chama, não era uma criança, era a pior coisa que eu já tinha visto, aquilo parecia um velho mas não era um humano, não tinha roupas e os membros não eram como os nossos, ele me olhou no fundo dos olhos e inclinou a cabeça para o lado com um sorriso que nenhuma palavra é capaz de explicar, horrível.
De repente eu acordo dando um pulo da cama, ufa !
Havia sonhado tudo isso, meu celular toca e é minha namorada, eu atendo meio assustado e sem voz, ela me diz:
- Amor, toma teu banho logo e vem, todos estão te esperando !
Sem resposta eu desligo o telefone depois de gaguejar um "ta bom", pego o controle da TV para ligar, quando aperto o botão, BOOM ! Tudo escuro, começou, e agora é de verdade...

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